quarta-feira, 5 de julho de 2023

Povos Indígenas: história, cultura e lutas

Povos Indígenas: história, cultura e lutas Segundo o último Censo, realizado pelo IBGE em 2010, o Brasil é habitado por cerca de 818 mil indígenas, distribuídos por 827 municípios. Um número que se assemelha à população de grandes capitais ao redor do mundo. E, ainda assim, representando boa parcela dos cidadãos brasileiros, os povos indígenas enfrentam lutas antigas, que têm sua origem na colonização do país. Ao contrário do imaginário popular e do que os livros didáticos contavam, não houve uma descoberta do Brasil, por meio dos portugueses. Segundo dados da Funai (Fundação Nacional do Índio), antes da invasão dos europeus, o território Pindorama era morada de cerca de 3 milhões de habitantes nativos, posteriormente chamados de indígenas, em referência às Índias, local ao qual os portugueses acreditavam ter chegado. É muito comum que se resuma a história dos povos indígenas brasileiros a partir da colonização portuguesa. De fato, esse acontecimento é um marco na trajetória dos povos indígenas, pois a partir disso, inicia a luta pelas terras, por sobrevivência e por direitos básicos que perdura até os dias de hoje, somando 521 anos de resistência. No entanto, conhecer as origens dos povos indígenas é igualmente importante, para garantir o respeito, a defesa e o reconhecimento da cidadania de um povo que, sem prévio aviso, perdeu terras, alimentos, liberdade e vidas. Nesse artigo, você poderá conhecer a história e cultura e as lutas dos povos indígenas. Acompanhe: História dos Povos Indígenas Sobre a origem dos indígenas brasileiros, existem duas hipóteses aceitas pela, segundo o Instituto Socioambiental (ISA). A primeira é de que os indígenas descendem dos povos asiáticos que atravessaram o estreito de Bering há 62 mil anos. A segunda, defende uma única grande onda migratória no começo, com a vinda posterior de grupos aparentados aos povos da Oceania. Os levantamentos estão na “Science” e na “Nature”, as duas maiores revistas científicas do mundo, e ambas têm participação de brasileiros. Estudos arqueológicos recentes estabelecem a chegada dos primeiros habitantes do Brasil à Bahia e ao Piauí, entre 20 e 40 mil anos atrás. Estabelecidos nas terras que ofereciam fertilidade, os nativos passaram a viver em regime de comunidade, onde prevalecia a produção comunitária. Sendo que os trabalhos eram divididos de acordo com sexo e idade. Eles eram produtores de milho, feijão, mandioca, cará, batata-doce, abóbora e tabaco. Além disso, parte da alimentação vinha da pesca. Entre os grupos indígenas havia muitas formas de conceber e construir as casas, pois cada grupo tinha um jeito diferente de pensar e de se relacionar com o ambiente onde viviam. Assim, os tipos de casas eram uma das principais características dos povos indígenas. Ainda segundo o Instituto Socioambiental (ISA), a maneira como a casa era utilizada, dividida e construída refletia o jeito que os moradores tinham de organizar e se enxergar no mundo. Além disso, as construções variavam de acordo com o modo de vida, o clima, o tipo de ambiente e os materiais de que os grupos dispunham para a construção. As formas das casas poderiam ser circulares, retangulares, pentagonais, ovais. Feitas de matérias primas diferentes: madeira com teto de palha, inteiras em palha ou folhas. Todas essas práticas perduraram por anos, geração após geração, sem sofrer influências externas. Os diferentes povos tinham liberdade de seguir seus próprios costumes, a começar pela língua. Existiam vários troncos linguísticos, como o Tupi ou Macro-Tupi, Macro-Jê e Aruak. Invasão portuguesa Em 1500, os portugueses desembarcaram no “Novo Mundo”, a América, tomando posse das terras. Em seguida, tiveram os primeiros contatos com os nativos, designados pelos portugueses de “selvagens” e, posteriormente, indígenas. Havia cerca de 3 milhões de nativos, divididos em 1.000 povos diferentes. Alguns historiadores chamaram o primeiro contato entre portugueses e os povos indígenas de “encontro de culturas”, como uma tentativa – equivocada – de amenizar as péssimas relações que foram mantidas, desde o começo. Na realidade, desde o início do processo de colonização portuguesa houve “desencontro de culturas”, que correspondeu a um processo de extermínio e submissão dos indígenas – tanto por meio dos conflitos com os portugueses quanto pelas doenças trazidas por estes, como a gripe, a tuberculose e a sífilis. Desde então, a história dos povos indígenas é marcada pela brutalidade, escravidão, violência, doenças e genocídio. Extermínio dos povos indígenas No primeiro século de contato, 90% dos indígenas foram exterminados, principalmente por meio de doenças trazidas pelos colonizadores, como a gripe, o sarampo e a varíola. Nos séculos seguintes, milhares de vítimas morreram ou foram escravizadas nas plantações de cana-de-açúcar e na extração de minérios e borracha. Em cinco séculos, 700 das 1.200 nações indígenas foram exterminadas. Segundo pesquisas do antropólogo Darcy Ribeiro, 55 povos desapareceram somente na primeira metade do século 20. Na década de 1950, a população tinha caído para um número tão baixo que foi previsto que nenhum indígena sobreviveria até o ano de 1980. Estima-se que, em média, um povo se tornou extinto a cada ano entre 1900 e 1957.

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