terça-feira, 27 de setembro de 2011

POÉTICO MITOLÓGICO (O Julgamento do Gosto)

SENHORAS E SENHORES!
Chegou a hora do resultado do nosso belo concurso...
A Miss eleita brilhara no jardim dos desejos secretos...
Todos tem o direito de sonhar e ninguém pode censurar o poder da imaginação...
O julgamento foi muito difícil pelas qualidades das candidatas... Todas tem uma magia especial...
Mas, é preciso fazer uma escolha...
A vida é cheia de possibilidades, e chega o momento que temos que tomar uma decisão!
Para apresentar nossa MISS FLORA...
O pré-cavaleiro canta: Espelho, Espelho meu.

Um anjo entre nuvens d'alvorada
Para o céu cristalino alevantando,
Em rubras flores de uma sutil história
Imito o deus do amor
Como ele, em ouro
Faço o esplendor de uma nova rainha

Espelho, espelho meu...
Deixe de lado o reflexo do décor clássico
Forma-se o julgamento da verdade
Entre as deusas alguma existe,
alguma que tem teu ar,
a tua majestade como um rubi que brilha.

Ao ver-te com esse ar de divindade,
Que arte, em pintá-la!
O fino artista francês,
encantado e enamorado
Meu verso é sangue
Volúpia ardente
O meu mundo se tinge com a cor vermelha...

Espelho, espelho meu...
Deixe de lado o reflexo do décor clássico
Forma-se o julgamento da verdade
Entre as deusas alguma existe,
alguma que tem teu ar,
a tua majestade como um rubi que brilha.

Oh! Coração que bate
O importante é manter o espelho limpo,
com todo seu poder de reflexo.
Assim, haverá um canto onde a mentira
Não existirá e o verdadeiro amor,
Por que não? Florescerá.

Espelho, espelho meu...
Deixe de lado o reflexo do décor clássico
Forma-se o julgamento da verdade
Entre as deusas alguma existe,
alguma que tem teu ar,
a tua majestade como um rubi que brilha.

Do Espanhol as belas cantigas
Requebradas de doçura
Lembram as moças bonitas
As andaluzas em flor...

Espelho, espelho meu...
Deixe de lado o reflexo do décor clássico
Forma-se o julgamento da verdade
Entre as deusas alguma existe,
alguma que tem teu ar,
a tua majestade como um rubi que brilha.

Da ousadia do amor
Nasce à sedutora que fascina
Miss Rosa Vermelha
No espelho das emoções
Minha mina preciosa meu império
Feliz de quem penetre o teu mistério!

A questão do gosto não pode ser encarada como uma preferência arbitrária e imperiosa da nossa subjetividade. Quando o gosto é assim entendido, nosso julgamento estético decide que preferimos em função do que somos. E não há margem para melhoria, aprendizado, educação da sensibilidade, para crescimento, enfim. Isso porque esse tipo de subjetividade refere-se mais a si mesma do que ao mundo dentro do qual ela se forma.
Se quisermos educar o nosso gosto frente a um objeto estético, a subjetividade precisa estar mais interessada em conhecer do que em preferir. Para isso, ela deve entregar-se às particularidades de cada objeto.
Nesse sentido, ter gosto é ter capacidade de julgamento sem preconceitos, É deixar que cada uma das obras vá formando o nosso gosto, modificando-o. Se nós nos limitarmos àquelas obras, sejam música, cinema, programas de televisão, quadros, esculturas, edifícios, que já conhecemos e sabemos que gostamos jamais nosso gosto será ampliado. É a própria presença da obra de arte que forma o gosto: toma-nos disponíveis, faz-nos deixar de lado as particularidades da subjetividade para chegarmos ao universal.
Mikel Dufrenne, filósofo francês contemporâneo, explica esse processo de forma muito feliz, e por isso vou citá-lo. Diz que a obra de arte "convida a subjetividade a se constituir como olhar puro, livre abertura para o objeto, e o conteúdo particular a se pôr a serviço da compreensão em lugar de ofuscá-la fazendo prevalecer as suas inclinações. À medida que o sujeito exerce a aptidão de se abrir, desenvolve a aptidão de compreender, de penetrar no mundo aberto pela obra. Gosto é, finalmente, comunicação com a obra para além de todo saber e de toda técnica. O poder de fazer justiça ao objeto estético é a via da universalidade do gosto".

Bom! Eu falei sobre estética de gosto, mais faltou falar sobre o AMOR... A história segue acompanhado o caminhar do nosso pré-cavaleiro... Até a próxima aventura!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

POÉTICO MITOLÓGICO (A Estética do Amor)

Boa tarde! Senhoras e Senhores.
Antes a apresentar nossa ultima candidata a Miss Flora quero deixar minhas lembranças às belas Misses Begônia, Ciclame, Camélia, Dália, Verbena, Bromélia, Crisântemo, Prímula e outras dádivas da mãe natureza.
Na passarela nossa nona Miss a última classificada de nosso show. Ela é uma das flores mais populares no mundo, cultivada desde a Antiguidade. Suas primeiras representantes cresceram nos jardins asiáticos há 5000 anos. Cientificamente, ela pertence á família Rosaceal e ao gênero Rosa L., com mais de 100 espécies, e milhares de variedades, híbridos e cultivares. Na maior parte das vezes, são solitárias. Na passarela a Miss Rosa Vermelha!

Nosso pré-cavaleiro canta para dar boas vindas a nossa bela candidata:

Sedutores Espinhos

Na mágica presença das estrelas
Metáforas de um amor ainda não descoberto
Em meu coração sinto algo que jamais imaginei sentir
Faz-se como um enigma
A se desvendar
Quero um dia poder
Desvendar esse misterioso enigma

Da ousadia do amor
Nasce à sedutora que fascina
Miss rosa vermelha
Porque há tantos espinhos a paixão
No espelho das emoções
Em seu império
Feliz de quem penetre o teu mistério!

O amor esta em quem expressa de verdade
Em quem o transmite ao próximo
A loucura do amor faz que prossiga
No mundo dos humanos mesquinhos
O amor verdadeiro é quase um ato de loucura

Da ousadia do amor
Nasce à sedutora que fascina
Miss rosa vermelha
Porque há tantos espinhos a paixão
No espelho das emoções
Em seu império
Feliz de quem penetre o teu mistério!

Musa que seduz
Ilumina-se mais e mais
Enquanto aquece em nossos corações
Rainha dos apaixonados
Decifra a natureza dos enamorados

Para compor SEDUTORES ESPINHOS tive como referência a segunda geração romântica que é marcada por uma postura de exagero sentimental que a torna inconfundível. Inspirados por escritores ingleses como Byron e Shelley, os representantes dessa geração liam uma poesia que exaltava os sentimentos arrebatados ao mesmo tempo em que apresentava o poeta isolado da sociedade, incompreendido por defender valores morais e éticos contrários aos interesses econômicos da burguesia. Incorporam a imagem de um herói romântico que defende valores incorruptíveis como a honestidade, o amor e o direito à liberdade. Em nome desses valores estão dispostos a sacrificar a própria vida.

Duas reflexões sobre a Miss Rosa Vermelha:

"As flores são para mim as melhores lições de composição das cores. Proporcionam impressões cromáticas, que ficam indelevelmente marcadas em minha retina como o ferro em vermelho vivo." (Henri Matisse).

Ou (essa eu já citei no blog)

"Como se pode fazer arte sem paixão? O artista pode dominar a arte mais ou menos, mas é a paixão que motiva sua obra. Dizem que toda minha arte provém da inteligência. Não é verdade: tudo que fiz foi por paixão." (Henri Matisse).

terça-feira, 6 de setembro de 2011

POÉTICO MITOLÓGICO (A Estética Simbólica)

Boa Tarde! Senhoras e Senhores!
Nossa oitava candidata é símbolo da pureza, também conhecida como, "Joia da Sabedoria". É uma planta aquática que nasce nos charcos e rios de águas turvas. Mesmo nascendo no fundo de charcos aflora à superfície da água com uma flor imaculadamente branca. Ela também conhecida como lótus-egípcio, lótus-sagrado e lótus-da-índia, é uma planta da família das ninfáceas (mesma família da vitória-régia) nativa do sudeste da Ásia (Japão, Filipinas e Índia, principalmente). A divina Miss Flor de Lótus na passarela, ou melhor, no belo lago de nosso divino jardim.
Atenção!
Nosso pré-cavaleiro canta para saudar a Miss Flor de Lótus:

O Cultivado Nirvana

Quando a clara e límpida natureza
Da mente se despertar
Descobrira que o mais alto grau de paz interior
Decorre da prática do divino amor

Mística Miss Flor de Lótus
A aparência é diferente para diferentes pessoas
O verdadeiro antídoto para eliminar a primitiva ignorância
É o conhecimento da luz interior dentro de nós
Cultivando o ato de expansão espiritual
São passos para o verdadeiro nirvana.

Extraordinário é o poder de superação do sofrimento
A força com que ela nos impele para enfrentar
Os desafios e dificuldades do caminho
O passo a passo é a busca da elevação mental

Mística Miss Flor de Lótus
A aparência é diferente para diferentes pessoas
O verdadeiro antídoto para eliminar a primitiva ignorância
É o conhecimento da luz interior dentro de nós
Cultivando o ato de expansão espiritual
São passos para o verdadeiro nirvana.

É fruto:
Histórias que fazem bem á alma e aquecem o coração
É fruto:
Compreender que o significado de "uma mente aberta"
Seja igual ao de uma "porta aberta"
É fruto:
Colher uma conduta ética positiva.

Para compor O CULTIVADO NIRVANA busquei como inspiração uma lenda budista que nos relata que quando Siddhartha, que mais tarde se tornaria Buda, tocou o solo e fez seus primeiros sete passos, sete flores de lótus cresceram. Assim, cada passo do Bodhisattva é um ato de expansão espiritual. Os Budas em meditação são representados sentados sobre flores de lótus, e a expansão da visão espiritual na meditação (dhyana) esta simbolizada pelas flores de lótus completamente abertas, cujos centros e pétalas suportam imagens, atributos ou mantras de vários Budas e Bodhisattvas, de acordo com a posição relativa à relação mútua.
O que me chamou a atenção na representação da Flor de Lótus são os ensinamentos budistas que compara essa flor ao homem em busca de iluminação, mesmo tendo sido criado em uma sociedade sórdida e materialista, todas as pessoas possuem dentro de si o potencial que lhes permite expressar sua natureza essencial, atingindo aquele estado de êxtase de consciência denominado Satori (simboliza a cessação da dualidade, a realização do absoluto), para os Budistas, Nirvana para Samadhi para os Yoges.
Da mesma forma que a lama não suja as pétalas do Lótus, assim também, o homem pode conviver com os problemas do mundo, sem deixar-se influenciar por eles.

SIMBOLICAMENTE FALANDO:

"Assim como o lótus brota de dentro da escuridão da lama para a superfície da água, florescendo somente depois que se elevou acima da água e por permanecer imaculada sem se contaminar nem com a terra nem com a água que o nutriram, da mesma forma a mente, nascida do corpo humano, desabrocha suas verdadeiras qualidades (pétalas) depois que se elevou acima das torrentes lodosas da paixão e da ignorância, e transforma as forças obscuras das profundezas em brilhantes e puros néctares da consciência iluminada”.
(Govinha, pg.89 in Philip Kapleau: Os três pilares do Zen. Ed. Itatiaia).

Hoje eu dedico a Miss Flor de Lótus para todos aqueles que sofreram em sua caminhada terrestre. Que passaram pelos caminhos cultivados pelo desprezo, perseguição, discriminação, humilhação, infâmia, censura, calunia, difamação, abandono, traição, ilusão e enganação. Essa flor é uma pequena homenagem para todos aqueles que passaram por cima das injustiças, desvalorizações e pelo esquecimento humano...
Viva a luta pela superação humana...