quinta-feira, 6 de julho de 2023

Arte do Japão

A arte do Japão atravessou inúmeras fases desde os imemoriais tempos desta civilização, alcançando magníficas realizações expressivas como as dos gravuristas do período Edo e outras. De modo geral, uma característica recorrente nas diversas manifestações da arte japonesa ao longo de sua história é a utilização de cores fortes, mas também ocorrem outras características nos diversos gêneros artísticos e nos vários períodos na história de cada gênero. A arte gravurista, por exemplo, conheceu características como o refinamento e o intimismo, e a magnífica junção de delicadeza e intensidade. Um exemplo de arte do Japão, no âmbito das artes cênicas, é o kabuki. Outro exemplo é oshie, a arte de fazer quadros de gueixas usando retalhos de fazenda coloridas. Os gravuristas japoneses José D'Assunção Barros, ao examinar a arte gravurista do período Edo, faz notar que estes gravuristas estavam atentos a alguns princípios estéticos fundamentais, tais como a miyabi, que significa algo como "elegância refinada", a wabi (prazer da tranquilidade), a sabi ("simplicidade elegante"), e a mono no aware (phatos da natureza). A assimilação da arte japonesa pelos artistas ocidentais A arte japonesa influenciou a arte ocidental, notadamente a chamada arte moderna, em diversas oportunidades. José D'Assunção Barros, que estudou essa questão, desenvolveu a hipótese de que uma nova forma de relacionamento com a alteridade artística foi precisamente uma das características mais marcantes dos movimentos da Arte Moderna no ocidente, e entre estas várias assimilações da alteridade a da Arte Japonesa ocupa um lugar de destaque. Houve por exemplo uma notável assimilação da arte dos gravuristas japoneses dos séculos XVII e XVIII pelos pintores impressionistas, com especial destaque para os nomes de Monet, Degas, Toulouse Loutrec, Renoir. Mas depois, viriam as apropriações da arte japonesa e de outras influências orientais levada a cabo pelos fauvistas, com especial destaque para Matisse, que assimila dos gravuristas japoneses aspectos vários como o uso de cores fortes. Ou seja, enquanto os pintores impressionistas haviam se inspirado nos gravuristas japoneses para captar virtudes como a "serenidade" e o "refinamento", já a atenção de Matisse se voltaria mais especificamente para as "vastas superfícies sem sombras que aparecem em algumas das estampas japonesas", além da assimilação igualmente importante das "cores puras que ali surgem de maneira franca e desimpedida" . É também uma outra assimilação da alteridade japonesa, novamente voltada para a delicadeza e refinamento, a que encontraremos nos artistas da Arte Noveaux. A arquitetura japonesa (日本建築 Nihon kenchiku?) caracteriza-se tanto pelas suas qualidades estéticas intrínsecas quanto pela marcante influência que viria a exercer no Ocidente, sendo reconhecida como uma das mais importantes contribuições do espírito nipónico à cultura universal. Existem vestígios de construções neolíticas através de modelos de casas encontrados em túmulos, mas apenas com a introdução do budismo, no século VI d.C., pode-se identificar uma tradição contínua. Como a religião, a arquitetura japonesa foi muito influenciada pela China (ver arte chinesa), com a adoção da madeira como principal material de construção e da coluna como elemento primordial da estrutura (o Japão dispõe de árvores em abundância e as construções de madeira são muito adequadas para um país sujeito a terremotos). No entanto, a arquitetura japonesa tende a ser menos grandiosa do que a chinesa e dá maior atenção à integração da construção ao ambiente. Esta consideração tem importância particular na localização dos santuários xintoístas (o xintoísmo é a antiga religião japonesa, predecessora do budismo), que eram sempre situados em belos locais e apresentavam uma atmosfera de grandiosidade ou de mistério, sugerindo a proximidade dos deuses. Templos No essencial, a arquitetura japonesa pouco se alterou através dos séculos e tem sido preservada porque algumas construções religiosas foram periodicamente reconstruídas exatamente da mesma forma, por razões rituais. Os templos budistas eram com frequência erigidos como colégios monásticos, com vários prédios num mesmo complexo. Atingiu-se total domínio da carpintaria; muito da beleza das construções japonesas depende tanto das sutis curvaturas dos telhados como de outros tratamentos decorativos, inclusive a pintura dos pilares e vigas e o uso de douração. O ponto alto da arquitetura budista no Japão foi atingido com a construção do mosteiro de Tōdai-ji, em Nara, fundado em 745, que assinala a adoção do budismo como a religião oficial do Estado pela casa imperial. A Sala do Grande Buda, dedicada à divindade pelo imperador Shomu em 752 (reconstruída em 1709), continua sendo a maior edificação em madeira do mundo. Arquitetura doméstica Por outro lado, a arquitetura doméstica japonesa é notável pela sua simplicidade e refinamento. Painéis corrediços de madeira ou de papel de arroz subdividem as áreas internas em séries de espaços arejados. Algumas vezes um local da casa é separado para a cerimônia do chá, associada à contemplação e ao cultivo das artes, mas as casas-de-chá são geralmente pavilhões especiais localizados nos jardins. A relação entre a casa e o jardim é tradicionalmente muito importante para os japoneses, sendo a varanda um espaço de transição. Palácios e castelos Himeji-jo (Castelo de Himeji), Himeji, Hyogo. Os palácios eram modestos se comparados aos padrões ocidentais ou chineses, mas após a chegada das armas de fogo européias, no século XVI (uma época de incessantes guerras internas), construíram-se vários castelos amplos e imponentes sobre maciças fundações de pedra, que dispunham de torres centrais que serviam de depósitos. O castelo de Himeji é o mais notável. Adaptação de linhas ocidentais Entre os séculos XVII e XIX, o Japão adotou uma política isolacionista, mas, por volta de 1860, iniciou um processo de industrialização, seguindo as linhas ocidentais e adotando a tradição arquitetônica européia. Contudo, foi somente a partir da década de 50 do século XX que o país começou a dar a sua importante contribuição para a moderna arquitetura mundial. Desde então, com a explosão da construção civil, refletindo o fantástico crescimento econômico do pós-guerra, o Japão se tornou um reconhecido centro de excelência e originalidade em termos de projetos arquitetônicos. Kenzo Tange é uma das figuras mais importantes da moderna arquitetura japonesa; sua obra concilia a influência da arquitetura moderna por meio de Le Corbusier e as formas tradicionais do Japão. A pintura japonesa (絵画 Kaiga, também gadô 画道?) é uma das mais antigas e refinadas artes visuais do Japão e compreende uma ampla variedade de estilos e géneros. Tal como ocorre com a história das artes japonesas, em geral, a longa história da pintura japonesa exibe a síntese e emulação entre a nativa estética japonesa e a aplicação de ideias importadas, principalmente da pintura chinesa, que foi especialmente influente em várias áreas; a influência ocidental só é sentida em finais do século XIX, difundindo juntamente com desenvolvimento a arte japonesa no Ocidente. Os temas de interesse, onde a influência chinesa se torna proeminente, incluem a pintura religiosa budista, pintura sumi-ê de paisagens em pintura tradicional de literatos chineses, e a pintura de plantas e animais, principalmente pássaros e flores. Porém, as tradições tipicamente japonesas foram desenvolvidas em todas estas áreas. O tema amplamente considerado como o mais característico da pintura japonesa - mais tarde com técnicas de impressão - é a representação de cenas do quotidiano e narrativas, muitas vezes representadas com inúmeras personagens e complexos detalhes. Este estilo teve início no período medieval sob influência chinesa, onde as primeiras manifestações são atualmente indistinguíveis, com excepção dos termos generalizados. Contudo, desde da época em que as primeiras obras foram realizadas e sobreviveram até ao nossos dias, foi desenvolvida uma cultura especificamente japonesa que prevaleceu até à modernidade. A lista oficial dos tesouros nacionais do Japão (pintura) incluí 158 obras ou conjuntos de obras que remontam do século VIII até ao século XIX (das quais fazem parte uma série de pinturas chinesas outrora perdidas no Japão) que representam os vértices da pintura japonesa ou casos raros de obras remanescentes de períodos anteriores. Cronologia Antigo Japão e período Asuka (até 710) Ver também: Período Kofun A pintura no Japão teve início possivelmente durante o período pré-histórico japonês. Alguns desenhos geométricos e figuras simples compunham a cerâmica neolítica do período Jōmon e nos sinos de bronze denominados dōtaku que correspondem ao período Yayoi (300 AEC — 300 EC). Pinturas murais com desenhos geométricos e figurativos foram descobertos nos túmulos pertencentes ao período Kofun (300 EC — 700 EC). Com a influência da cultura chinesa no Japão durante o período Asuka, especialmente a introdução do sistema de escrita kanji, o sistema de administração governamental, e o budismo, muitas das obras de arte eram importadas para o Japão da China e Coreia, motivando a produção de cópias locais em muito similares ao estilo pictórico do Leste da Ásia. Período Nara (710—794) Ver também: Período Nara Com a difusão do budismo no Japão durante os séculos VI e VII, floresceu a pintura com motivos religiosos que ornamentavam os múltiplos templos construídos pelas classes dominantes. No entanto, o período Nara caracteriza-se mais pela arte da escultura, tendo a pintura recebido menor destaque. As pinturas mais antigas remanescentes deste período incluem os frescos nas paredes interiores do Kon-Do (金堂?), do templo Horyu-ji em Ikaruga (Nara). Estas pinturas murais ilustram episódios da vida de Buda, dos bodhisattva e outras divindades menores. O estilo é uma reminiscência da pintura chinesa da dinastia Sui correspondente ao período dos Dezasseis Reinos. No entanto, em meados do período Nara, as pinturas do estilo da dinastia Tang tornaram-se bastante populares. Desta fazem parte murais da tumba de Takamatsuzuka, que datam por volta de 700 AEC., nos quais estão representados cortesãos com togas e símbolos da astrologia chinesa como o dragão (Seiryu), a cobra ou tartaruga (Genbu), o tigre (Byakko) e a Fénix vermelha (Suzaco). Este estilo desenvolvido no género Kara-e, permaneceu em ascensão até inícios do período Heian. A maioria das pinturas do período Nara são de natureza religiosa, e foram executadas em grande parte por artistas anónimos. Uma extensa colecção de arte do período Nara está preservada na casa do tesouro Shōsō-in, antiga propriedade pertencente ao templo budista Todai-ji, actualmente administrado pela Agência da Casa Imperial. Periodos Heian e Kamakura Ver também: Período Heian e Período Kamakura Com o desenvolvimento das seitas budistas esotéricas de Shingon e Tendaishū no Japão, nos séculos VIII e IX, temáticas religiosas, sobretudo pinturas ou representações de Mandala, tornaram predominantes. Inúmeras versões de Mandala, particularmente sobre o Mundo de Diamantes e Mandala do Útero foram criados em pergaminhos de parede e murais que cobriam as paredes dos templos. Um exemplo é Mandala dos Dois Mundos que se encontra no antigo pagode Daigo-ji, um edifício religioso de cinco andares, localizado a sul de Kyoto. Mandala dos dois Mundos é composto por dois pergaminhos ornamentados com pinturas do período Heian. Alguns dos detalhes pictóricos estão parcialmente danificados, uma vez que se foram desgastando por abrasão ao longo do tempo.
. Official Music Video for Boy (I Need You) performed by Mariah Carey ft. Cam'Ron.

Nenhum comentário: