quarta-feira, 5 de outubro de 2011

POÉTICO MITOLÓGICO (Discurso Amoroso)





Boa Noite! Senhoras e Senhores...
No calor desse show estético agora mais expressivo, a pintura rococó experimentou uma gradual transformação cromática, sentimental e temática. Aos poucos, a decoração fria cedeu espaço para cores mais quentes.
Depois das senhoritas revolucionárias do jardim da fascinação o trono tem uma nova rainha.
Para apresentar a nossa nova majestade... Um novo cavaleiro vindo da antiga e bela Barcelona...
Grande público... Apresentamos Don Pablo Ramon cantando:

RAINHA ESCARLATE

Êxtase nos olhos
Sentimentos que predispõe
Afeição que encanta
Devoção fascinante
Ternura que se expressa

Rainha Escarlate
Quando você chama meu nome
Em sua cantiga espanhola
Sinto as batidas de meu coração
No despertar da felicidade
Sinto-me mais vivo.

O amor é uma grande mistura ambígua
De desejo e astúcia
De egoísmo e generosidade
É a mais bela das coroas
De rosas delicadas e espinhos cortantes.

Rainha Escarlate
Quando você chama meu nome
Em sua cantiga espanhola
Sinto as batidas de meu coração
No despertar da felicidade
Sinto-me mais vivo.

Por que asas pra voar
Se toda ave gosta do ninho?
Caramba! Puxa-vida!
No banquete dos desejos
Quero um espelho que fale
Irmã gêmea da verdade,
Com um doce calor no peito.

Rainha Escarlate
Quando você chama meu nome
Em sua cantiga espanhola
Sinto as batidas de meu coração
No despertar da felicidade
Sinto-me mais vivo.

Para compor RAINHA ESCARLATE inspirei na ideia do filósofo francês Roland Barthes (1915-1980) que reflete de maneira poética, no livro Fragmentos de um Discurso Amoroso (1977), sobre a condição fundamental do discurso amoroso, uma sucessão sem-fim de fins. Toda a dor, mas também toda delícia, do amor repousam sobre sua radical transitoriedade. Será que todos os sofrimentos associados ao amor, na cultura ocidental, não estariam associados a essa ideia perniciosa de que só há um verdadeiro amor possível e que ele vai ser para sempre? E se eu não achar minha metade perdida? E se ela estiver vivendo no Japão, por exemplo? Estaremos condenados ambos a vagar infelizes pelo mundo?
"A rosa é sem por que; a rosa floresce porque floresce". Nesse famoso verso de Peregrino Querubínico (1675), do poeta místico alemão Ângelus Silesius (1624-1677), encontra-se a fórmula da atitude contemporânea diante da arte e também do amor. O pressuposto agora é que o homem pode usufruir a beleza da obra de arte sem procurar por uma razão ou utilidade. Mas pelo poder do afeto.

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